A Escola Montessori em Delft foi a primeira projetada por Herman Hertzberger, em 1960-66. Essa obra é pioneira na forma como é tratada a relação entre as salas de aula e os espaços de interação, entre outros tantos aspectos.
As salas de aula desta escola são concebidas como unidades autônomas, pequenos lares, por assim dizer, já que todas estão situadas ao longo do hall da escola, como uma rua comunitária. A professora, a ‘tia’, de cada casa decide, junto com as crianças, que aparência terá o lugar e, portanto, qual será o seu tipo de atmosfera. (HERTZBERGER, 1991, p. 28)
Cada sala de aula possui uma espécie de vitrine – a parede entre a sala e o hall, marcando essa transição – para o trabalho das crianças ser exibido para o resto da escola.
Os projetos de Hertzberger apresentam grande riqueza espacial e sensibilidade nos detalhes, com cuidado de não deixar espaços inutilizados e sempre possibilitando que o usuário utilize o ambiente segundo sua vontade e imaginação. Isso fica claro em muitos pontos nessa escola.
Levando em consideração o importante papel social que a entrada de uma escola primária desempenha – lugar de encontro dos pais que vão buscar os filhos, local para as crianças que chegam cedo ou não vão logo pra casa após as aulas, etc. – Hertzberger criou muros baixos em que se pode sentar, segundo ele, o mínimo a se oferecer. A antiga entrada foi destruída em 1981.
As salas de aula dessa escola apresentam diferenças de nível, o que possibilita que algumas crianças pintem ou modelem na parte de baixo enquanto outras executam trabalhos concentradas sem perturbações na parte de cima. O professor, de pé, pode supervisionar toda a turma.
Sobre as portas entre as salas e o saguão há saliências largas, que podem servir de armário para livros, objetos artesanais feitos pelas crianças, vasos de plantas, etc. No meio do saguão há um pódio de tijolos que assume diversas funções, as crianças o utilizam para sentar ou para guardar materiais. Essa plataforma também pode ser ampliada em todas as direções com seções de madeira retiradas do interior do bloco, transformando-se em palco para apresentações ou brincadeiras em geral.
Opondo-se a esse bloco-plataforma, no saguão do jardim-de-infância há uma cavidade quadrada com blocos soltos, que podem ser retirados e servir como bancos.
O espaço nos fundos do edifício é divido por muros baixos de blocos perfurados, gerando vários espaços oblongos. Essas faixas têm potencial para abrigar diversas situações, podendo servir de tanques de areia e jardins. O material utilizado nos muros também possibilita vários usos, criando uma série de compartimentos menores, que podem servir como vasos de plantas, lugares para guardar coisas ou tantas outras funções quanto as crianças inventarem em suas brincadeiras.
Herman Hertzberger - Edifícios escolares.
Muito boa essa sua explicativa.
ResponderExcluirEstou lendo o livro 'Lições de arquitetira' do Herman Hertzberger.
Obrigado pelas imagens.